Wednesday, July 2, 2008

tradução caseira da lebre


O coração morto


Não é uma tartaruga
Escondida na sua pequenina carapaça verde.
Não é uma pedra para pegar
e por debaixo da tua asa preta.
Não é uma carruagem antiquada de metro.
Não é um pedaço de carvão que tu podes acender.
É um coração morto.
Está dentro de mim.
É um estranho
mas já foi afável,
abrindo e fechando como uma amêijoa

O que me custou, tu não podes imaginar
psis, padres, amantes, filhos, maridos,
amigos e tudo o resto.
O quão caro que foi continuar.
Também devolveu
Não o negues.
Quase que me pergunto se Abril o poderia devolver à vida
Uma tulipa? O primeiro botão?
Mas esses são apenas devaneios meus
a pena que se tem apenas quando se olha para um cadáver.

Como é que ele morreu?
Chamei-lhe MALVADO
disse-lhe, os teus poemas tresandam como vómito.
Não fiquei para ouvir a última frase.
Morreu na palavra MALVADO.
Eu fiz isso com a minha língua.
A língua, dizem os chineses
é como uma faca afiada
mata sem derramar sangue.




Anne Sexton



Photobucket

Wednesday, May 28, 2008

tradução caseira da lebre

Triste quando desejo e quando não. Triste quando com um corpo e quando não. Triste quando com o seu sorriso e quando não.



Alejandra Pizarnik



Photobucket

Thursday, May 8, 2008

tradução caseira da lebre


E nada será teu senão um ir até onde não há onde.



Alejandra Pizarnik



Photobucket

Monday, April 21, 2008

tradução caseira da lebre


eu uno-me ao silêncio
eu uni-me ao silêncio
e eu deixo-me fazer
deixo-me beber
deixo-me dizer




Alejandra Pizarnik




Photobucket
obrigada martinha

Monday, April 14, 2008

tradução caseira da lebre


(...)
Sou rainha de todos os meus
pecados esquecidos. Ainda estou perdida?
Em tempos fui bonita. Agora sou eu própria



Anne Sexton



Photobucket

Thursday, April 10, 2008

tradução caseira da lebre



ela tem medo de não saber nomear o que não existe



alejandra pizarnik



Photobucket

Tuesday, April 1, 2008

tradução caseira da lebre


ser sonhadora na sua camisa azul
que ama a terra estranha
ou atrever-me como a naufraga
que volta ao mar
porque ninguém se alegra
com a sua salvação



Alejandra Pizarnik



Photobucket