Wednesday, March 30, 2005


Mais uma tradução da Anne Sexton, em modo “caseiro” e dedicada ao dia de ontem

A noite estrelada

Isso nao me evita de ter uma terrível necessidade de - devo dizer a palavra - religião Depois eu saio de noite para pintar estrelas – Vincent Van Gogh numa carta para o seu irmão

A vila não existe
excepto onde uma árvore de cabelo preto desliza
para cima como uma mulher afogada no céu quente.
A vila está silenciosa. A noite ferve com onze estrelas.
Ó noite estrelada! É assim que
eu quero morrer.

Move-se. Estão todos vivos.
Mesmo a lua que se enche nos seus ferros cor-de-laranja
para empurrar crianças, como um deus, do seu olho.
A velha serpente invisível engole as estrelas
Ó noite estrelada! É assim
que eu quero morrer.

Dentro da besta apressada da noite,
sugada por aquele grande dragão, separar-me
da minha vida sem bandeira
sem barriga,
sem grito.


Anne Sexton



Tuesday, March 22, 2005


As palavras assemelham-se por vezes a cortinas de janelas - uma divisória decorativa destinada a manter os vizinhos à distancia.

Margaret Atwood



Thursday, March 17, 2005

E porque este poema tanto dá para o excelente concerto do Robert Belfour que vi esta noite como para o tio tom, aqui fica a repetição

Os blues
Os blues servem
Os blues servem para cantar as noites solitárias
Os blues servem para cantar as minhas noites solitárias


Os blues
Os blues não são nada
Os blues não são nada mais que um canto
Os blues não são nada mais que um canto para gritar nas minhas noites solitárias
Os blues são uma estrela que brilha todas as noites para não se apagar depois até que volte a noite

Os blues são uma estrela que brilha
Os blues são uma estrela
Os blues sao
Os blues

Os blues são uma oração que cantam os negros e alguns brancos
para pedir que a noite não seja tão negra
Os blues são uma oração que cantam os negros e alguns brancos para pedir
Os blues são uma oração que cantam os homens
Os blues são uma oração
Os blues são
Os blues


JOAQUIM HORTA I MASSANÉS
Tradução caseira da lebre



Sunday, March 6, 2005

mais uma tradução caseira

Não temas o silêncio quando já não há palavras
nas tuas mãos.

Elizabeth Azcona Cranwell