Monday, November 21, 2005

mais uma tradução caseira da lebre

Porque eu não podia nem ler nem falar e nas noites longas eu não conseguia desligar a lua ou contar as luzes dos carros a atravessar o tecto.

Anne Sexton



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mais uma tradução caseira da lebre

Porque eu não podia nem ler nem falar e nas noites longas eu não conseguia desligar a lua ou contar as luzes dos carros a atravessar o tecto.

Anne Sexton



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Sunday, November 13, 2005

tradução caseira da lebre de um dos poemas da vida dela


O inventário do adeus


Tenho um maço de cartas,
tenho um maço de memórias.
Eu podia cortar os olhos a ambas.
Eu podia usa-las como um avental de retalhos.
Podia mete-las na maquina de lavar, na de secar,
se calhar parte da dor desapareceria como sujidade?
Se calhar deitando-a pelo triturador eu poderia triturar a perda.
Alem disso – que pechincha – sem telefonemas caros.
sem viagens demoradas em aviões no nevoeiro.
Sem o riso maníaco ou bênção de um padre fora-do-baralho.
Esse padre provavelmente ainda está a flutuar numa almofada de nevoeiro.
Abençoando-nos, abençoando-nos.

Tenho que te abençoar, perdido,
aqui sentada com a minha alma trapalhona?
O tempo de propaganda acabou.
Sento-me aqui no espigão da verdade.
Ninguém para odiar senão o peixe esguio da memória
que desliza para dentro e para fora do meu cérebro
Ninguém para odiar senão o toque agudo da minha camisa de dormir
roçando o meu corpo como uma luz que se apagou.
Lembra-me o beijo que inventámos, línguas como poemas,
encontrando-se, regressando, convidando, provocando uma febre de necessidade.
Risos, mapas, cassetes, toque a cantar o seu caminho –
tudo para ser partido e posto num cofre estanque
Os mortos monótonos entopem-me e há apenas
preto ornado a preto que verte do cofre.
Preciso de o estripar e depois colocar o coração, as pernas,
de dois que foram um sobre um grande monte de lenha
e acendo-o, como eu já fui acesa e deixo-o rodopiar
em chamas chegando ao céu
Fazendo-o perigoso com o seu vermelho.



Anne Sexton


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Friday, November 11, 2005

mais uma traduçao caseira da lebre

um buraco na noite
subitamente invadido por um anjo


Alejandra Pizarnik



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Thursday, November 3, 2005

mais uma tradução caseira da lebre

Os lençóis foram lavados
da nossa essência conjunta – um composto,
não uma mistura; mas aqui ainda estão

esquecidos, o teu cachimbo e tabaco,
os teus livros abertos na minha mesa,
a tua voz a falar nos meus poemas.

Fleur Adcock


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