Thursday, February 10, 2005
Li este poema num livro da Margaret Atwood, não descansei enquanto não o traduzi, foi a maneira mais simples de me tentar ver livre da bofetada que ficou colada na cara
I
Somos duros um com o outro
e chamamos-lhe honestidade
escolhendo as nossas verdades dentadas
com cuidado e apontando-as através
da mesa neutra
As coisas que dizemos são
verdadeiras: é o nosso alvo
retorcido, são as nossas escolhas
que as tornam criminosas.
II
Claro as tuas mentiras
são mais divertidas:
porque as fazes novas de cada vez
As tuas verdades, dolorosas e chatas
repetem-se continuamente
se calhar porque és dono
de tão poucas
III
Uma verdade deveria existir
não deveria ser usada
assim. Se eu te amo
é isso um facto ou uma arma?
O corpo mente
ao mover-se assim, são estes
toques, cabelos, o mármore
macio e húmido que a minha língua percorre
mentiras que me estás a dizer?
O teu corpo não é uma palavra,
nem mente
nem fala a verdade
Apenas
está aqui ou não está.
Margaret Atwood
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