tradução caseira da lebre
a vida brinca na praça
com o ser que nunca fui
e aqui estou
dança pensamento
na corda do meu sorriso
e todos dizem que isto passou e é
vai passando
vai passando
o meu coração abre a janela
vida aqui estou
a minha vida
o meu sangue só e hirto
fere no mundo
mas quero saber-me viva
mas não quero falar
de morte
nem das suas estranhas mãos
Alejandra Pizarnik
Monday, October 27, 2008
Monday, October 6, 2008
tradução caseira da lebre
O que é a realidade?
Sou uma boneca de gesso, eu poso
com olhos que abrem sem horizonte ou anoitecer
para pessoas envernizadas a sorrir,
olhos que abrem e fecham, azuis aço.
Sou uma espécie de transplante de I . Magnin?
Tenho cabelo, anjo preto,
recheio de anjo-preto para pentear,
pernas de nylon, braços luminosos
e algumas roupas dos anúncios.
Vivo numa casa de bonecas
com quatro cadeiras,
uma mesa de imitação, um telhado plano
e uma grande porta de entrada.
Muitos chegaram a esta encruzilhada tão pequena.
Há uma cama de ferro,
(a vida alarga, a vida faz pontaria)
um chão de cartão,
janelas que se escancaram para a cidade de alguém,
e pouco mais.
Alguém brinca comigo,
planta-me numa cozinha toda eléctrica
Foi isto que a Sra. Rombauer disse?
Alguém finge comigo -
estou emparedada em sólido pelo seu barulho -
uu põem-me em cima da sua cama arrumada.
Eles acham que eu sou eu!
O calor deles? O calor deles não é um amigo!
Eles forçam a minha boca para os seus copos de gin
e para o seu pão rançoso.
O que é a realidade
para esta boneca sintética
que devia sorrir, que devia meter as mudanças
que devia escancarar as portas numa desordem sadia
sem evidencias de ruínas ou medos?
Mas eu choraria
enraizada na parede que
em tempos já foi minha mãe
se me lembrasse como
e se eu tivesse lágrimas.
Anne Sexton
O que é a realidade?
Sou uma boneca de gesso, eu poso
com olhos que abrem sem horizonte ou anoitecer
para pessoas envernizadas a sorrir,
olhos que abrem e fecham, azuis aço.
Sou uma espécie de transplante de I . Magnin?
Tenho cabelo, anjo preto,
recheio de anjo-preto para pentear,
pernas de nylon, braços luminosos
e algumas roupas dos anúncios.
Vivo numa casa de bonecas
com quatro cadeiras,
uma mesa de imitação, um telhado plano
e uma grande porta de entrada.
Muitos chegaram a esta encruzilhada tão pequena.
Há uma cama de ferro,
(a vida alarga, a vida faz pontaria)
um chão de cartão,
janelas que se escancaram para a cidade de alguém,
e pouco mais.
Alguém brinca comigo,
planta-me numa cozinha toda eléctrica
Foi isto que a Sra. Rombauer disse?
Alguém finge comigo -
estou emparedada em sólido pelo seu barulho -
uu põem-me em cima da sua cama arrumada.
Eles acham que eu sou eu!
O calor deles? O calor deles não é um amigo!
Eles forçam a minha boca para os seus copos de gin
e para o seu pão rançoso.
O que é a realidade
para esta boneca sintética
que devia sorrir, que devia meter as mudanças
que devia escancarar as portas numa desordem sadia
sem evidencias de ruínas ou medos?
Mas eu choraria
enraizada na parede que
em tempos já foi minha mãe
se me lembrasse como
e se eu tivesse lágrimas.
Anne Sexton
Sunday, October 5, 2008
tradução caseira da lebre
Isto foi um erro,
estes braços e pernas
que já não funcionam
agora está partido
sem espaço para desculpas.
A terra não conforta,
Apenas cobre
Se tiveres a decência de ficar quieto
O sol não perdoa,
Olha e continua a andar.
A noite infiltra-se em nós
através dos acidentes que
provocámos um ao outro
da próxima vez que cometermos
amor, devemos
escolher primeiro o que matar.
Margaret Atwood
Isto foi um erro,
estes braços e pernas
que já não funcionam
agora está partido
sem espaço para desculpas.
A terra não conforta,
Apenas cobre
Se tiveres a decência de ficar quieto
O sol não perdoa,
Olha e continua a andar.
A noite infiltra-se em nós
através dos acidentes que
provocámos um ao outro
da próxima vez que cometermos
amor, devemos
escolher primeiro o que matar.
Margaret Atwood
Wednesday, October 1, 2008
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